Introdução ao pensamento de Judith Butler

CURSO MINISTRADO POR: Berenice Bento

VAGAS: Fora

CARGA HORÁRIA: 10h

DIAS DO CURSO: 21, 22, 23, 24 e e 25/02/22- 19h

 

O curso poderá contribuir com as reflexões de estudantes/pesquisadores-as/ativistas que atuam com populações que historicamente lutam por reconhecimento (negros/as, travestis, transexuais, mulheres, populações indígenas) e que para isso precisam produzir dispositivos discursivos que se contrapõem a outros que negam seus direitos.

R$ 250,00

Sem estoque no momento!
Avisa-me quando voltar ao estoque.

Avisa-me

Ementa do Curso

Judith Butler tornou-se uma referência obrigatória nos estudos queer. A teoria da performatividade, paródia de gênero, melancolia de gênero formam parte de um corpus teórico que tem como principal objetivo desnaturalizar as identidades de gênero e negar a diferença sexual como o demiurgo do desejo. No entanto, o pensamento de Butler não se limita às questões de gênero. As reflexões sobre a luta e os processos mesmo pelo reconhecimento nos leva a pensar a precariedade da categoria humanidade.
Nas reflexões de Judith Butler sobre luta por reconhecimento/identidade/diferença/abjeção, o Estado aparece como um “ator” fundamental no processo de distribuição diferencial de cidadania e de produção dos sentidos atribuídos à humanidade. Com este movimento teórico, a autora termina por borrar os limites entre teoria social e ontologia.

Este minicurso poderá contribuir com as reflexões de estudantes/pesquisadores-as/ativistas que atuam com populações que historicamente lutam por reconhecimento (negros/as, travestis, transexuais, mulheres, populações indígenas) e que para isso precisam produzir dispositivos discursivos que se contrapõem a outros que negam seus direitos.

Programa do minicurso:

Aula 1
Enquadramento da obra de Judith Butler: primeiras aproximações.

Objetivo: Contextualizar a obra da filósofa, apontando escolas e teorias com as quais a filósofa tem dialogando. Tentarei apontar, neste primeiro encontro, linhas de continuidade entre as primeiras obras da filósofa, focadas no debate sobre gênero, e as publicadas mais recentemente, nas quais o debate sobre Estado e violência assumem o protagonismo. Acredito que não existe a Judith Butler de “Problemas de Gênero” e a de “Caminhos divergentes”. Embora as perguntas que orientam cada obra tenham singularidades, há um lastro filosófico, caldado na impossibilidade de se pensar a constituição do “eu” fora dos marcos da relacionalidade ética e da luta por reconhecimento. E será este “lastro” o objeto deste primeiro encontro.

Aula 2
Reconhecimento/não reconhecimento

Objetivos: Refletir como os atos que fazem o humano passam, necessariamente, pela relação com os Outros. A discussão sobre a constituição do “eu”, desta forma, está amarrado ao debate sobre a reconhecimento/diferença. O reconhecimento deste Outro que me constitui, no entanto, não acontece em uma única direção. Os atos de não-reconhecimento, ou seja, de negação de quaisquer possibilidade de identificação com estes Outros também são partes estruturantes das subjetividades e das performances dos sujeitos no mundo.
A centralidade da categoria “reconhecimento” no processo constitutivo dos sujeitos só faz sentido quando relacionada aos atos de não reconhecimento e a tríada conceitual “reconhecimento/diferença/abjeção” que nos ajudará a interpretar o lugar que os corpos e as performances ocupam nas hierarquias sociais.

Aula 3
Gênero e os limites do dimorfismo sexual

Objetivos: O livro “Problemas de gênero” tornou-se um marco nas disputas internas nas políticas feministas, principalmente em relação àquelas que interpretam a constituição das identidades de gênero tendo como fundamento de suas análises o pressuposto universalista da diferença sexual binária.
Neste encontro, apresentarei os conceitos de performatividade de gênero, normas de gênero, os limites e tensões da política da representação, matriz de inteligibilidade de gênero e abjeção.

Aula 4
O paradoxo do Estado: produtor de reconhecimento e da morte

Objetivos: Problematizar a relação cidadania-ser humano. Algumas vezes, estes dois termos aparecem com certa intercambialidade, no entanto, se tentará apontar as fricções entre eles. O Estado-nação inaugura a noção de cidadão/cidadã. Mas seriam as concepções de cidadania e ser humano intercambiáveis? Seria o Estado uma esfera controladora e produtora das noções de inteligibilidade do “ser”? Esta tensão, de certa forma, atravessa parte considerável do pensamento da filósofa, principalmente quando se pense a vida dos que estão fora do Estado..

Aula 5
Os sem-Estado: Apátridas, diásporas e exílios (a questão da Nakba (catástrofe) palestina)

Objetivos: Um dos efeitos da fundação dos Estados-nação foi a produção de um tipo de sujeito própria da modernidade, os sem-Estado (os apátridas). A discussão sobre os sujeitos sem-Estado pode ser recortada a partir de relatos biográficos (o que Butler muitas vezes o faz referenciando-se na experiência de Hannah Arendt), mas também de uma coletividade. Na dimensão coletiva, a ênfase do curso estará nos campos de refugiados e os campos de detenção provisório dos migrantes que, atualmente, espalham-se pela europeia. Quais são as implicações de vidas que existem sem existirem como ser político, a exemplo do povo palestino? Corpos sem as marcas burocráticas da identidade nacional (sem documentos, sem passaporte) importam?

Aspectos técnicos

As aulas serão transmitidas pelo Google Meet. As instruções para o acesso serão enviadas por e-mail dois dias antes do início do curso. Se você se inscrever nos últimos momentos, receberá essas instruções no dia da primeira aula.

Nossas aulas são transmitidas ao vivo, mas são também gravadas e podem ser assistidas posteriormente. Os links dos vídeos ficam ativos por 30 dias corridos a partir do fim do curso. Oferecemos certificado apenas para quem tiver 75% de presença nas aulas ao vivo.

Para mais informações: [email protected]

 

Ministrado por

Berenice Bento

Professora do Departamento de Sociologia (UnB) e pesquisadora do CNPq. Pós-doutorado pela City University of New York (CUNY/EUA/2014). Coordenou o I Seminário Internacional Desfazendo Gênero (2013/UFRN). Além de publicar em periódicos nacionais e internacionais, é autora dos livros “A reinvenção do corpo: gênero e sexualidade na experiência transexual” (Garamond, 2006, 1a. edição; EdUFRN, 2014, 2a. … Continue lendo “Berenice Bento”

Aulas

AULA 1
Data: 21/02/2022
Horário: das 19h às 21h

____________________________________

AULA 2
Data: 22/02/2022
Horário: das 19h às 21h

_____________________________________

AULA 3
Data: 23/02/2022
Horário: das 19h às 21h

____________________________________

AULA 4
Data: 24/02/2022
Horário: das 19h às 21h

____________________________________

AULA 5
Data: 25/02/2022
Horário: das 19h às 21h