Vulva: uma gramática da abertura

Ementa do Curso

O curso resgatará tanto o campo semântico como o sintático da vulva a partir de elaborações psicanalíticas e filosóficas que soterraram conceitualmente sua forma própria para que emergisse a lógica fálica e os poderes patriarcais a esta atrelados. Veremos como exatamente ocorreu esse processo de sufocamento da vulva que se inicia na Idade Média, mas chega a seu ápice na modernidade. A pintura resgatou sua força simbólica com a obra A origem do mundo, de Gustave Courbet. No conjunto de obras deste artista, o resgate da vulva não é algo casual, mas insere-se em um posicionamento estético-político que visa conceder estatuto simbólico a aspectos relegados ao esquecimento na era moderna. Longe de vangloriar os vencedores da história, Courbet alinha-se ao realismo, avesso a lugares míticos. Sua pintura traz cenas e personagens deixados à margem. Nesse sentido, veremos como a vulva começa a recuperar seu protagonismo na luta contra o patriarcado na contemporaneidade, ainda que de maneira paulatina. Obras de Egon Schiele, Juliana Notari, Carolee Schneemann, Florence Schechter, Brígida Baltar, Celeida Tostes ampliam o campo simbólico da vulva, aberto por Gustave Courbet. A linguagem que a contorna não é uma descrição de suas formas anatômicas e de seus prazeres específicos. A vulva é capaz de resgatar toda uma tradição estética que vai do Barroco ao Expressionismo alemão, chegando aos nossos dias de modo mais imponente e tendo como norte a abertura como princípio formal. Depois de fazermos essa recuperação de sua forma específica, olharemos para a lógica fálica na psicanálise e na filosofia amparadas(os) por essas ferramentas que serão capazes de alargar conceitos e construções teóricas limitadas à reiteração de poderes do patriarcado. 

Aula 1: Da lógica fálica à forma da vulva
Limites do edifício filosófico-psicanalítico em sua lógica fálica serão minuciosamente examinados para que uma crítica seja pertinente com formas desemaranhadas do poder patriarcal. 

Aula 2: O lugar da vulva na Modernidade e seu apagamento
O ideal da mulher ocupou um imaginário específico na era burguesa moderna: o da esposa dedicada ao lar e ao marido e o da mãe, cujo amor era natural e incondicional. O prazer erótico da mulher burguesa não tinha espaço nesse cenário; ele fica atrelado às mulheres de outras classes sociais (operárias, prostitutas e trabalhadoras das casas burguesas) que sustentavam os desejos sexuais dos homens no interior do patriarcado. A vulva torna-se uma imagem invejada, amaldiçoada e depois apagada pelos discursos científicos modernos, como veremos mais detalhadamente nesta aula.

Aula 3: A estética da vulva
Ressuscitar aspectos linguísticos e formais da vulva está longe de ser uma mitificação de sua conformação anatômica ou de sua natureza. Sua linguagem aberta tem ressonâncias no Barroco, no Expressionismo alemão e em obras contemporâneas, tal como as analisadas por Umberto Eco em Obra aberta. É a essa estética específica que dedicaremos esta aula, expondo o modelo de formas simbólicas que giram em torno da vulva.

Aula 4: Revisitando a psicanálise
Amparadas (os) por esse repertório, voltaremos a algumas obras da psicanálise, reformulando bases que se sustentaram pela lógica fálica e reiteraram o poder patriarcal. Nesse novo modo de olhar para a arquitetura psicanalítica, autoras como Karen Horney, Melanie Klein, Lou Andreas-Salomé assumem protagonismo e reformulam muitos preceitos elementares do edifício psicanalítico.

Aspectos técnicos
As aulas serão transmitidas pelo Google Meet. As instruções para o acesso serão enviadas por e-mail dois dias antes do início do curso. Se você se inscrever nos últimos momentos, receberá essas instruções no dia da primeira aula.

Nossas aulas são transmitidas ao vivo, mas são também gravadas e podem ser assistidas posteriormente. Os links dos vídeos ficam ativos por 30 dias corridos a partir do fim do curso. Oferecemos certificado apenas para quem tiver 75% de presença nas aulas ao vivo.

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