Abolicionismo penal: olhares negros

CURSO MINISTRADO POR: Joyce Bueno , Vítor de Souza Costa , Renata Cruz , Luciano  Pinheiro , Gabrielle Simões Lima Vitena , Erin Fernandes Bueno , Andreza Delgado , Adriana Chaves

VAGAS: Fora

CARGA HORÁRIA: 14h

DIAS DO CURSO: 22, 25 e 29/03/2021; 01, 05, 08 e 12/04/2021 - 19h

 

Este curso pretende integrar a disputa política em torno da crítica ao sistema de justiça criminal, reforçando o caráter estruturante do racismo e de sua reprodução a partir das hierarquias raciais.

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Ementa do Curso

Este curso pretende integrar a disputa política em torno da crítica ao sistema de justiça criminal, reforçando o caráter estruturante do racismo e de sua reprodução a partir das hierarquias raciais. Para compreender como essas dinâmicas reproduzem relações de dominação e opressão, discutiremos questões que se integram ao modus operandi do sistema punitivo a partir de uma perspectiva abolicionista penal. Com todos os oito encontros conduzidos por pesquisadoras negras, o conteúdo foi produzido a partir da influência direta de perspectivas decoloniais e teoria feminista negra como base epistemológica.

Adriana Chaves é artista interdisciplinar e pesquisadora em relações étnico-raciais. Atualmente, é bacharelanda em Humanidades na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro Brasileira – UNILAB.

Andreza Delgado é conhecida por seu trabalho como produtora cultural e cofundadora da PerifaCon, PerifaGamer e da Copa das Favelas, iniciativas que buscam democratizar a cultura geek/nerd. Possui um canal no youtube e é colunista no UOL. Enquanto estudante de Direito na Universidade de São Paulo (USP), pesquisou sobre populismo penal midiático, além de ter integrado a campanha 30 Dias por Rafael Braga.

Erin Fernandes Bueno é graduando em Antropologia na Universidade de Brasília (UnB) e militante da Frente Distrital pelo Desencarceramento.

Gabrielle Simões Lima Vitena é mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Luciano  Pinheiro é graduando em Direito. Membro do Grupo de Pesquisa em Criminologia da Universidade Estadual de Feira de Santana/BA (GPCrim-UEFS/BA). Pesquisador na área de Criminologia e Relações Raciais. Pesquisa com familiares de vítimas da letalidade policial.

Renata Cruz é graduanda em Direito pela Estácio de Sergipe. Membra do Grupo de Pesquisa  Direitos Humanos e Democracia na mesma instituição. Pesquisa cárcere e relações raciais.

Vítor de Souza Costa é mestre em Relações Internacionais. Pesquisador do Grupo de Pesquisa GLOPOLI – Globalização da Política (UFBA). Foi Pesquisador Associado da Universidade Andina Simón Bolívar – Sede Equador (2019).

Joyce Bueno é advogada e mestranda em Criminologia, Estudos Étnicos-Raciais e De Gênero (PPGD/UnB).

Aula 1 –  Marginalização e Genocídio: Um olhar sobre a Formação dos Sistemas Penais Brasileiros, com Prof. Adriana Chaves

Compreender aspectos da margilalização sociocultural do sujeito negro brasileiro e as politicas de genocidio como fundamento dos sistemas penais brasileiros:

a) Analisar as contribuições de Abdias do Nascimento na obra “O Quilombismo” acerca das condições socioculturais da população negra nos anos que antecedem a abolição e o pós abolição.

b) Analisar, na obra “Corpo Negro Caido no Chão” de Ana Luiza Pinheiro Flauzina, a formação dos sistemas penais brasileiros nos respectivos períodos históricos: Sistema Penal Colonial- Mercantilista; Sistema Penal Imperial-Escravista; Sistema Penal Republicano-Positivista, para identificar o racismo como base que irá fundamentar o caráter genocida dos sistemas penais Latino

c) Analisar a Política Oficial de Branqueamento e a Democracia racial na ideologia política brasileira.

Bibliografia

NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo: documentos de uma Militância Pan Africanista/ Abdias Nascimento; com prefácio de Kabenguele Munanga; e texto de Elisa Larkin Nascimento e Valdecir Nascimento.— 3.ed.rev. – – São Paulo: Editora Perspectiva; Rio de Janeiro : Ipeafro, 2019.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

Aula 2 – Racismo e seletividade penal: um olhar sobre a realidade das unidades prisionais, com Prof. Gabrielle Vitena

Compreender aspectos observáveis do racismo punitivo e da seletividade penal nas unidades prisionais.
Analisar o conceito de racismo enquanto categoria central do aprisionamento;
Analisar o conceito de seletividade penal e sujeição criminal;
Analisar a pesquisa “Atrás das grades: uma análise sociodemográfica dos internos a partir dos dados presentes prontuários arquivados do Presídio de Salvador (2017-2018)”;
Analisar a pesquisa descrita no texto “Rés negras, juízes brancos: Uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana” de autoria da Dina Alves.

Bibliografia

BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 1990.

MISSE, Michel. Crime, sujeito e sujeição criminal: aspectos de uma contribuição analítica sobre a categoria” bandido”. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 79, p. 15-38, 2010.

ALVES, Dina. Rés negras, juízes brancos: Uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. Revista CS, p. 97-120, 2017.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006.

Aula 3 – Sistema prisional: criminalização de corpos negros femininos, com Prof. Renata Cruz

Demonstrar a partir da ótica da sentença de tripla dimensão, utilizando o marcador ‘Raça’ que através da guerra às drogas, o sistema penal encarcera de maneira esmagadora um contingente de mulheres em sua maioria negras, que são institucionalizada para serem corrigidas e por consequência são mais penalizadas que os homens.

Analisar os marcadores raciais do cárcere feminino no Brasil.
Demonstrar que mulheres negras são mais penalizadas que homens e mulheres brancas em relação ao crime de tráfico de drogas.
Demonstrar que o sistema de justiça criminal se apropria de julgamentos morais para condenar mulheres.

Bibliografia

ALVES, Dina. Rés negras, juízes brancos: Uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. CS, n. 21, p. 97-120, 2017.

DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas?. Editora Bertrand Brasil, 2018.

GIACOMELLO, Corina. Mujeres, delitos de drogas y sistemas penitenciarios en América Latina. International Drug Policy Consortium, 2013.

Aula 4 – Antiextrativismo como estratégia abolicionista, com Prof. Vítor Costa

Apontar a conexão entre desenvolvimento extrativista, criminalização e vitimização:
Apresentação da ideia da criminologia de cabeça para baixo, como proposto por Ana Flauzina. Vinculação da proposta abolicionista de pensar o funcionamento do Direito Penal através da dimensão do dano e da reparação às vítimas;
Breve apresentação do conceito de extrativismo e do paradigma estrutural de impunidade das corporações transnacionais extrativistas (foco na re-regulação neoliberal do Direito e privatização dos sistemas de justiça, a partir do Caso Chevron no Equador);
Criminalização e vitimização a partir de experiências na América Latina: Projeto Llurimagua (mineração), no Equador e Belo Monte, no Brasil.

Bibliografia:

COSTA, Vítor de Souza. As bases políticas da impunidade empresarial no capitalismo global: o Caso Chevron no Equador. 2020. 174f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020. Subtópico 3.2 e Cap. 4.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Cap. 1.

Aula 5 – “Mas… e os estupradores?”, com Profs. Erin Fernandes e Andreza Delgado

Demonstrar que o sistema penal não oferece uma solução para as violências atravessadas pelas diferentes opressões, especialmente a violência sexual, mas sim representa uma continuidade do problema.
Debater sobre a necessidade de se pensar (e conhecer quem já está pensando) em formas libertárias/abolicionistas de lidar com essa questão.

Bibliografia:

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Violência sexual e sistema penal: proteção ou duplicação da vitimação feminina. In: Sequência: Estudos jurídicos e políticos, Florianópolis, v. 33, n. 17, p. 87-114, jul. 1996. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4818404>.

INCITE! WOMEN OF COLOR AGAINST VIOLENCE. Documento de Trabalho de Responsabilidade Comunitária (Princípios, Preocupações, Estratégias, Modelos). Disponível em: <https://we.riseup.net/radfem/%E2%80%9Cdocumento-de-trabalho-de-responsabilidade-comun>.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Lei Maria da Penha: entre os anseios da resistência e as posturas da militância. In: FLAUZINA, Ana; FREITAS, Felipe; VIEIRA, Hector; PIRES, Thula. Discursos negros: legislação penal, política criminal e racismo. Brasília: Brado Negro, 2015. p. 115-144.

Aula 6 – Intersecções: cárcere, gênero e raça por um olhar abolicionista, com Prof. Joyce Bueno

Mobilizar os conceitos de cárcere, gênero e raça para apontar suas possíveis conexões;
Analisar sob uma perspectiva abolicionista quais são as possibilidades de superação do cárcere como um sistema de dominação e violências;
O feminismo enquanto campo de luta e disputa em torno das pautas abolicionistas.

Bibliografia:

AMADO, Jorge. Tereza Batista Cansada de Guerra. São Paulo, Martins, 1972.

BORGES, Juliana. O que é: encarceramento em massa? Belo Horizonte-MG: Letramento: Justificando, 2018.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução Jamille Pinheiro Dias. 1ª edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019. 495 p.

DAVIS, Angela. Mulher, raça e classe. Boitempo: São Paulo, 2016.

DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Tradução: Marina Vargas – Primeira edição. Rio de Janeiro: Difel, 2018.

MBEMBE, Achile. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Traduzido por Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

SAFFIOTI, Heleieth. A Mulher na Sociedade de Classe: Mito e Realidade. Petrópolis: Vozes, 1976.

Aula 07 – Familiares-vítimas da letalidade policial aproximações e tensões abolicionistas, com Prof. Luciano Pinheiro

Compreender como familiares-vítimas está localizado no debate sobre vitimização proposto pela criminologia e pelos abolicionismos:
Compreender o lugar das vítimas da criminologia e nos abolicionismos;
Compreender como o racismo interdita o reconhecimento de algumas modalidade de vítimas.
Identificar as demandas de familiares-vítimas ao sistema de justiça (criminal);
Identificar as divergências que familiares-vítimas tem colocado para as criminologias e para os abolicionismos.

Bibliografia:

PRANDO, Camilla Cardoso de Melo. Os juristas e as políticas da justiça criminal: quem tem medo da esfera pública?. Revista Direito e Práxis , [s. l.], 1 jan. 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/43230.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006

PINHEIRO, Luciano Santana.“A gente formiga e eles elefantes”: o direito a      partir das narrativas de familiares-vítimas da letalidade policial em feira de santana- ba.TCC. Bacharel em Direito. Feira de Santana. 2020

SANTOS, Shana Marques Prado et al. (Orgs). Reparação como política: reflexões sobre as respostas à violência de Estado no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ISER, 2018.

Ministrado por

Joyce Bueno

Joyce Bueno é advogada e mestranda em Criminologia, Estudos Étnicos-Raciais e De Gênero (PPGD/UnB)

Vítor de Souza Costa

Mestre em Relações Internacionais. Pesquisador do Grupo de Pesquisa GLOPOLI – Globalização da Política (UFBA). Foi Pesquisador Associado da Universidade Andina Simón Bolívar – Sede Equador (2019).

Renata Cruz

Graduanda em Direito pela Estácio de Sergipe. Membra do Grupo de Pesquisa  Direitos Humanos e Democracia na mesma instituição. Pesquisa cárcere e relações raciais.

Luciano  Pinheiro

Graduando em Direito. Membro do Grupo de Pesquisa em Criminologia da Universidade Estadual de Feira de Santana/BA (GPCrim-UEFS/BA). Pesquisador na área de Criminologia e Relações Raciais. Pesquisa com familiares de vítimas da letalidade policial.

Gabrielle Simões Lima Vitena

Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Erin Fernandes Bueno

Graduando em Antropologia na Universidade de Brasília (UnB) e militante da Frente Distrital pelo Desencarceramento.

Andreza Delgado

Conhecida por seu trabalho como produtora cultural e cofundadora da PerifaCon, PerifaGamer e da Copa das Favelas, iniciativas que buscam democratizar a cultura geek/nerd. Possui um canal no youtube e é colunista no UOL. Enquanto estudante de Direito na Universidade de São Paulo (USP), pesquisou sobre populismo penal midiático, além de ter integrado a campanha … Continue lendo “Andreza Delgado”

Adriana Chaves

Artista interdisciplinar e pesquisadora em relações étnico-raciais. Atualmente, é bacharelanda em Humanidades na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro Brasileira – UNILAB.

Aulas

AULA 1
Data: 22/03/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 2
Data: 25/03/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 3
Data: 29/03/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 4
Data: 01/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 5
Data: 05/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 6
Data: 08/04/2021
Horário: das 19h às 21h

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AULA 7
Data: 12/04/2021
Horário: das 19h às 21h